O SAGUÃO DE HOTEL (1963), Siegfried Kracauer
“Rudimentos de indivíduos escapam para o Nirvana do
relaxamento, faces se perdem atrás do jornal, e a luz artificial contínua
ilumina nada mais do que manequins. Um ir-e-vir de desconhecidos que se
tornaram formas vazias porque perderam suas senhas de identificação e perambulam
como inapreensíveis fantasmas”.
“A apresentação da superfície é uma atração para eles, o
hálito do exótico lhes dá um arrepio agradável. Decerto, para reforçar a distância
cujo caráter definitivo os atrai, permitem-se a si próprios jactar-se numa proximidade
que eles próprios provocaram: suas fantasias monológicas alinham os designos de
máscaras, de que se utilizam como brinquedo, e a troca de olhares flutuantes,
que cria a possibilidade de intercâmbio, é admitida apenas por que a miragem de
possibilidade confirma a realidade da distância”.